loader image

Foto: Miguel Á. Padriñán en Pixabay

Relatório da OMS documenta declínio no consumo global de tabaco

18 janeiro, 2024 | Ricardo Changala

“A Organização Mundial de Saúde publicou em 16 de janeiro de 2024 um relatório mundial sobre a tendência em relação ao consumo do tabaco. Os dados recolhidos e analisados referem-se ao uso de qualquer tipo de tabaco, seja para fumar e/ou sem fumaça, mas não àqueles que não contêm tabaco, como os sistemas eletrônicos de gerenciamento de nicotina ou cigarros eletrônicos.

Calcula-se que atualmente existem 1.250 milhões de adultos que consomem tabaco, o que significa uma notável queda, já que no ano de 2000, uma em cada três pessoas consumia tabaco, mas, atualmente, a proporção é uma em cada cinco.

O relatório mostra que em 150 países estão conseguindo reduções. Por exemplo, os Países Baixos e o Brasil alcançaram reduções de cerca de 30% e 35% a partir de 2010, respectivamente. Apenas seis países (Congo, Egito, Indonésia, Jordânia, Omã e República da Moldávia) continuam a apresentar aumento no consumo de tabaco.

As autoridades da OMS explicam que isso ocorre, apesar das ações da indústria do tabaco:

“Me surpreende ver até onde é capaz de chegar a indústria do tabaco para obter lucros à custa de incontáveis vidas. No momento em que um governo acredita que ganhou a luta contra o tabaco, a indústria aproveita a oportunidade para manipular as políticas de saúde e vender seus produtos letais”, disse o doutor Ruediger Krech, Diretor do Departamento de Promoção da Saúde da OMS.

O relatório mostra que na maioria dos países, há crianças entre os 13 e os 15 anos que consomem tabaco, razão pela qual a OMS dedicará o Dia Mundial Sem Tabaco deste ano a proteger as crianças da interferência da indústria do tabaco.

O tema central será na próxima sessão da Conferência das Partes da Convenção-Quadro da OMS para o controle do tabaco, que se reunirá no Panamá durante o mês de fevereiro de 2024.

A Convenção-Quadro da OMS para o Controle do Tabaco (FCTC da OMS) do ano de 2003 foi o primeiro tratado de saúde global negociado sob os auspícios da OMS, e até o momento, 182 países e a União Europeia são partes deste tratado.

Além disso, a temática está presente entre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas, já que sua terceira meta aponta para “Fortalecer a implementação da FCTC da OMS em todos os países, conforme o caso”.

É sabido que a indústria do tabaco continuará a tentar influenciar as políticas mundiais de saúde pública, oferecendo incentivos econômicos ou de outro tipo. Apenas como exemplo, lembremos que a própria Secretaria da Convenção emitiu um comunicado no mês de agosto do ano de 2023, salientando que foi “observado com preocupação que representantes da indústria do tabaco e de outras indústrias já entraram em contato com algumas Partes para oferecer apoio técnico e de viagem, incluindo assessores, às delegações oficiais para a décima reunião da Conferência das Partes (COP10), em FCTC da OMS, e o terceiro período de sessões da Reunião das Partes (MOP3) no Protocolo”.

Embora a prevalência esteja diminuindo na maioria dos países, espera-se que as mortes relacionadas com o tabaco permaneçam elevadas durante muito tempo. Os países que implementam medidas contínuas de controle do tabaco podem esperar cerca de 30 anos entre o momento em que a taxa de prevalência está a aumentar até que se observe uma mudança associada no número de mortes por tabaco.

Por estas razões, a OMS apela aos países para seguir implementando políticas de controle do tabaco e continuar a lutar contra a interferência da indústria do tabaco.

As previsões indicam que, embora o mundo alcance uma redução relativa de 25% no consumo de tabaco até 2025, não se alcançará o objetivo global de uma baixa de 30% sobre a base de referência de 2010. Atualmente, calcula-se que apenas 56 países alcançarão essa meta, quatro a menos do que projetava o relatório sobre o tema divulgado em 2021.”